varinha

Encontrei minha tão amada filha do coração, mais uma vez, em movimento infeliz de autodepreciação. Estávamos, à época, nos primeiros anos do século. Abatida, ante o forte embate de adversidades que ela sofria, na complexa tarefa que lhe fora delegada por Desígnio de Deus, aproximei-me de sua acústica mediúnica e lhe “sussurrei”, levando-a prontamente às lágrimas de alívio, embora o seu sincero esforço de exercício espiritual de combate às manifestações destrutivas do ego lhe dificultasse, como de habitual, assimilar-me, em profundidade, as reflexões de mãe e orientadora:

– Minha tão amada e dileta discípula… És uma realizadora de sonhos!… Tudo floresce em torno de teus passos, em vários sentidos… Projetos inacabados e sonhos aparentemente irrealizáveis tomam forma e vulto, na existência de quantos(as) se aproximam de ti. Suas próprias personalidades e vidas interiores ganham impulso, graça e dinamismo, vindo essas almas a se descobrirem renovadas, como nunca imaginaram poder se tornar ou realizar externamente… Não te deste conta disso antes?

Jamais dissera algo semelhante a ela, à altura daquela ocasião, de modo tão direto, a respeito do assunto. Diante da perplexidade de minha estimada “protégé”, passei então a enfileirar casos e episódios de indivíduos que haviam dela se acercado, e em cujas vidas “pipocaram” eventos felizes e transformadores – ou seja: nem sempre muito agradáveis, mas invariavelmente felizes nas consequências, a médio e longo prazos.

– Mas nem sempre é assim!… – retrucou mentalmente, em diálogo franco comigo, dada a sua costumeira postura severamente autocrítica.

– Sim, não é – respondi-lhe. – “Primeiramente, porque amiúde o que mais as pessoas anelam não condiz com sua genuína ventura. Sob tua tutela, em nome da Espiritualidade Maior, elas são cambiadas e tomam nova rota existencial, afastando-se de ocupações, relacionamentos ou objetivos que só lhes trariam contratempos e desgostos no porvir. E essa mudança de trilha, quase sempre, é dolorosa ao ego e ao campo emocional dos(as) resgatados(as), digamos assim. Em segundo lugar, percebemos que esse teu papel-arquetípico, em particular – uma das características que exalam de teu Espírito eterno –, pode não ser efetivo ou até funcionar em sentido contrário com aqueles(as) que não albergam o propósito de cooperar, ainda que indireta ou palidamente, com a missão-mor de tua presente estada no domínio físico de vida, o encargo abençoado de fomentar libertação e felicidade, de canalizar esclarecimento e conforto para incontáveis criaturas, próximas ou distantes de ti, trabalho esse a que te tem consagrado desde ainda os anos da adolescência, em escala pública.

Gostas de me atribuir feições metafóricas de uma ‘fada madrinha’. Pois bem… Se o sou, por representar para ti a Divina Providência e Seus(Suas) Emissários(as), nesta ingente e meritória realização do bem, então necessariamente és tu, também, a contraparte encarnada desta dupla de serviço benemerente, e terei que te conferir poderes de uma ‘varinha mágica’.

Em torno de ti, como se deu em cada século, no correr da história, com outros(as) enviados(as) das Alturas, uma mística bolha de proteção e acontecimentos miraculosos se formou, e tenderá a se expandir com o tempo, com tua persistência nesse sagrado posto de serviço, de maneira que, de futuro, notarás, embevecida, verdadeiras cascatas de graças, de maravilhas em transbordamento, que as Potestades Excelsas farão ocorrer em volta do teu coração devotado e generoso.”

E assim foi. Passaram-se 15 anos aproximados desse diálogo, relativamente remoto, com minha aplicadíssima filha do Espírito. E eis que, atualmente, as tais aluviões de bênçãos fluem, de fato, em mananciais inesgotáveis, da Embaixada Celeste que seu empenho propiciou surgir, em conjugação de esforços com nossa dimensão de Consciência.

Que ela perceba melhor o que acontece, em seu derredor, por significativa parcela de crédito pessoal dela mesma, pois que tudo atribui sempre à interferência dos Gênios Sublimes, na sua e na vida de seus(suas) pupilos(as). E que seus(suas) beneficiários(as), sobretudo os(as) mais próximos(as), deem-se conta dessa ululante e pujante realidade, demonstrada sobejamente por acachapantes Sinais do Céu, a fim de que, procurando colaborar mais com (e atrapalhar menos) a Missão Divina e histórica que ela executa, sintonizem melhor com a fonte de graças de MARIA Santíssima, fonte em que ela se converteu, silenciando e sublimando, desde o berço, padecimentos inqualificáveis… polarizando, assim, o Empíreo com seu coração, ao escolher o bem, com vigor heroico e sistemático, extensa e profundamente… e irradiando de si, para milhões de criaturas, a luz da felicidade e da paz, em medidas por ora imensuráveis, porque imprevisível ainda o alcance da Obra Celeste que se desdobra por seu intermédio, no plano material de existência, sobre a superfície terrestre.

Eugênia-Aspásia (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Aracaju, 7 de janeiro de 2018