Benjamin Teixeira e o espírito Eugênia.

Frio e escuridão. Vi-me arrebatado, daquela reunião mediúnica de que participava (*), para ambiente estranho, com uma atmosfera que, embora não chegasse a ser macabra, afigurava-se-me, a dizer por baixo, esquisita. Um jardim coberto por manto de trevas, em avultada região, cercada de muros, que eu sabia formar um gigantesco quadrilátero. A certa altura, comecei a me dar conta de que não se tratava de uma localidade específica da dimensão extrafísica de vida, mas sim de um riquíssimo e bem detalhado quadro mental, produzido pela avançada inteligência de Eugênia. Hoje, com os recursos da computação gráfica, não é estrambótico (como foi, no passado) visualizar um paralelo superior, de natureza psíquica, associando a seres extraordinariamente evoluídos (em cotejo com a média planetária de desenvolvimento espiritual) esta faculdade de “construir”, virtualmente, situações, espaços e até personalidades.

Imerso na vívida experiência paranormal, ouvia um estalido metálico, e senti-me por dentro da excelsa e dúlcida mestra desencarnada Eugênia. Ao reverso de senti-la em mim – como sói ocorrer, nas comunicações psicofônicas de que me faço seu intermediário –, permitiu-me a sábia invulgar experienciar algo como se eu a houvesse incorporado e não ela a mim. Emoção imensa, de todo intraduzível em linguagem humana, qual se o tórax me fosse explodir, com a aluvião colossal do amor da preceptora adorada. Inúmeros dos companheiros presentes àquela reunião mediúnica, sobremaneira os mais próximos de mim (que me ouviam o relato sussurrado – mantinha-me suspenso entre as duas realidades, a física e a espiritual, simultaneamente), desataram-se a chorar, sentindo parte da premência afetiva e da comoção profunda que me iam por dentro, como se o “fio” de nossas almas “esquentasse”, excessivamente, com a “corrente” elevadíssima e intensíssima do amor oceânico daquela que teve altura vibratória suficiente para se fazer, no século XIX, a representante da Mãe Maior da Humanidade, em Lourdes, França: Bernadette Soubirous.

Vi as mãos firmes, quão suaves, do guia incomparável, envoltas em luvas de jardinagem (como se fossem minhas), e, logo em seguida, percebi que ela utilizava uma tesoura apropriada à poda das ramagens. Sua voz, então, passou a soar como uma maviosa melodia do Empíreo, em timbre e cadência indescritivelmente belos:

“Cada alma que me foi confiada, pela Divina Providência, assemelha-se a uma flor, no jardim místico de meu coração. Cada planta constitui uma organização ou família, entre as que estão sob minha cobertura e responsabilidade diretas. Importante se explicite, todavia, que, às vezes, o socorro do Céu toma formas inesperadas. Nem tudo, em jardinagem, é fragrância agradável e deleite de contemplação. Existe o material putrefacto e fétido do adubo orgânico; a feiúra da lama, gerada pelo aguaceiro da irrigação; a dor cortante da poda imprescindível ao crescimento apropriado da vegetação; a escuridão compressiva do plantio da semente, na cova fria e úmida, isolada e tomada pelo odor nauseabundo do estrume, quanto afogada na lama viscosa, promovida pelo regadio. Da mesma sorte acontece, na vida e no destino das criaturas, a Providência Celeste dos que nos mais amam de Altiplanos da Espiritualidade Sublime. Amiúde, o auxílio de Deus se reveste de dor, quanto o resgate se afigura um gesto assassino, movimentos que só mais tarde, muito mais tarde, poderão ser compreendidos, em toda extensão de bondade, misericórdia e inteligência de que estavam impregnados.”

A penumbra quase sinistra que a idolatrada orientadora das multidões apresentou, metaforicamente, retrata, poeticamente, toda a carga de melancolia que sente seu puro, santo e sacrificado coração de mãe coletiva, suportando, século sobre século, as aflições e as necessidades de muitos dos seus filhos e protegidos, mas conduzindo-os, serenamente, ainda assim, a par e passo, rumo à ascese espetacular de plenitude e bem-aventurança, no seio da eternidade, quando, certamente, acendendo, cada qual de nós, a luz individual da centelha sagrada de divindade que todos trazemos (mesmo que apagada e ignorada), faremos do jardim de nossa mãe espiritual comum um lindo e luminoso oásis, a propiciar descanso e refazimento de forças a outros viajores da vida e da evolução…

(Texto redigido na madrugada de 28 de maio de 2008. Revisão de Delano Mothé.)

(*) Reunião mediúnica semanal, realizada na sede do Instituto Salto Quântico.

Convite:

ESCÂNDALOS DIVINOS e PERVERSÕES HUMANAS.

A verdade e a mentira em vestes complexas, enigmáticas, indevassáveis… Esculturas de deuses em pleno ato sexual, em templos da Índia. Madonna que apresenta um “Cristo” negro, insinuando copular com ele, em pleno clip. Branca de Neve, no clássico de Walt Disney, em depravação criminosa, que ninguém antes suspeitara. Divas gays espalhafatosas e sua misteriosa função libertadora. Jesus, em surto de fúria, no mais importante templo de Israel; e perdoando a prostituta, sem pedir que ela parasse de pecar. Tudo isso em ilustrações chocantes quão riquíssimas, numa palestra imprópria para menores de 18 anos, contando com a visita e o testemunho impressionante do mais ilustre representante de nossa Organização no Exterior, Marcone Vieira, presidente do “Allan Kardec Spiritist Center”, em Danbury, Connecticut, EUA, fundado por ele em ‘96, a pedido do Espírito Eugênia. Neste domingo, 1º de junho, às 19h30. Mais informações (endereço, valor do ingresso): 3041-4405.