Benjamin Teixeira
pelo Espírito (Dr.) Demétrius

A mente funciona como uma corda de feixes psíquicos. Cada feixe enovela-se sobre si mesmo e sobre os demais, tecendo uma rede de significados, de troca de idéias, de percepções, de sensações, de sentimentos, de ajuizamentos.

Não pretenda torná-la um conjunto de linhas retas, trabalhando em sistema codificado precisamente, pois que, além de tudo, este feixe é vivo, metamorfoseando-se a cada momento, criando novas teceduras (ou seja: não só novos fios como novas voltas entre os fios) em sua intimidade, à medida que você vivencia novas experiências.

Entenda que, em muitos aspectos, administrar a casa mental é respeitar-lhe as limitações e estruturas, começando sempre por aí qualquer processo substancial e verdadeiro de mudança em seus arcabouços.

Assim, trate de, primeiramente, conhecer-se em profundidade. Leia cada impulso dentro de si: sua história, suas intenções dissimuladas no inconsciente, seus entrelaçamentos com outros departamentos e necessidades de sua psique. Depois, procure auxílio abalizado, para ajudá-lo a nortear a direção e os processos relacionados à sua gerência da vida psíquica. Inclua, até mesmo, em tais auto-estudos, os objetivos de vida, paradigmas de interpretação da realidade e os próprios conceitos sobre si, porque tudo, até mesmo tais níveis básicos de percepção do mundo e de si próprio, está envolvido no trabalho de elaboração da mente e da alma.

Acostume-se à gangorra de crise e solução de crise, porque é desses vaivéns, dessas subidas e descidas, descidas cada vez menores e menos frequentes, para subidas cada vez maiores e mais numerosas, retrações progressivamente mais modestas, para expansões e aprofundamentos da psique crescentemente mais amplos, que a vida é feita.

Habitue-se ao caos, que fomenta a criatividade, porque ele virá fatalmente, depois de um lapso imprevisível de tempo em que você vive o estado de resolução de sua atual crise. E observe, por sinal, como, de alguma forma, sempre o ser humano está envolvido com a busca de solução de problemas, de concepção de significados, de descoberta de causas e finalidades em um ou vários setores de sua existência. E, diante de tal constatação, sorria em meio à tempestade, voltando-se ao próprio eixo, já que, como sabe, no olho do furacão jaz a calmaria. Pretender sair dele, porém, é que constitui o verdadeiro perigo, iniciativa esta cheia de devastação e ruína, em medidas talvez gigantescas, em extensão de prejuízos.

Quem se mantém sereno, a despeito do que acontece fora de si, não só está feliz, como ainda se faz mais criativo e resolutivo, prático e resiliente, de modo que, sucedendo o que for, sabe sempre extrair o melhor de cada experiência, seguindo fortalecido e mais sábio para as próximas etapas de aprendizado e crescimento, ofertadas como dádivas e magníficas oportunidades, e não como castigos ou desgraças da Vida.

(Texto recebido em 27 de março de 2005.)