Benjamin Teixeira
pelo espírito
Egberto de Alexandria.

A verdade é como a luz intensa, agradável e vitalizante, reveladora de caminhos, ambientes, situações e perigos, mas que, em olhos pouco acostumados à luminosidade, e em surgimento abrupto, pode crestar retinas, inutilizando-as para sempre, cegando seu portador.

A verdade é como um veneno que, ministrado em pequenas doses, serve como remédio para quem tem moléstia específica, ou intoxica quem não está doente e lhe sorve o conteúdo.

A verdade é como um sinal de alerta, que, no instante certo, serve de alarme, e, se contínuo, enlouquece qualquer cidadão que se lhe submeta ao barulho ensurdecedor.

A verdade, por fim, é como um trem, em alta velocidade. É confortável, seguro e benéfico estar em seu caminho, quando dentro dele, mas é letal estar sobre os trilhos, por onde ele passará.

Cuidado com suas pressuposições de verdade. Honestidade não é falar tudo, a todo tempo: isso constituiria bem acabada expressão de irresponsabilidade e loucura, quando não de crueldade e manipulação. Transparência absoluta revela ou ingenuidade crassa, ou capciosidade bem urdida, assustando, impactando, atordoando e tiranizando. Ser honesto é preservar o sentido de autenticidade consigo mesmo e coerência na manifestação dosada de si a cada circunstância dada, sob os critérios do bom-senso, da ética e da bondade.

Expor-se ou expor os outros a situações embaraçosas, quando não perigosas, é sinal de pouco senso ou de más intenções. Oculte o que for impróprio e revele, a conta gotas, o necessário. Preserve o foco nos seus princípios e metas e, atento a suas reais intenções, faça sua auto-análise criteriosa, no sentido de ver até que ponto é honesto realmente ou falastrão empolado e hipócrita.

(Texto recebido em 20 de fevereiro de 2003.)