Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Fala-se muito da Mãe Natureza, seus recursos, suas bênçãos, ofertando vida e força aos seres. Entrementes, afora a graça de estarmos aqui, e crescermos no solo generoso que nos acolheu as consciências em evolução, das expressões primárias do mundo mineral aos prodígios da humanidade, a mesma Mãe Natureza do verdor das vegetações e dos rios caudalosos é a Mãe das tempestades, dos vulcões e dos terremotos, da vida primitiva nas cavernas, na exposição a toda forma de perigos, dos predadores às moléstias devastadoras, que nos faziam viver, no início de nossa estada na Terra como seres humanos, entre o terror e a fome, a peste a morte, com vidas atormentadas e reduzidas a trinta anos, pouco mais ou pouco menos que isso, quando muito.

A Providência Divina, todavia, agraciou-nos com a inteligência e a capacidade de, com o tempo, acumular as conquistas que eram efetuadas, em doloroso parto evolutivo das primeiras organizações sociais de humanos. Foi aí que surgiu a civilização, em suas expressões mais rústicas, que comsumiram centenas de milhares de anos, até que surgiu a escrita e, em poucos milênios, a Ciência Moderna, catapultando-nos a níveis de excelência na qualidade de vida que, em comparação com o que havia no princípio de nossa estada no planeta, realmente natural, soa-nos literalmente e, no mínimo: mágico e paradisíaco.

Para dar uma muito perfunctória e rápida noção do que estamos falando, demos uma olhadela ligeira em nosso cotidiano, e perceberemos claramente a maravilha de nossa civilização. A seguir, faremos um enfeixamento de algumas maravilhas de que já se desfruta, como banalidades simples e naturais, e, para tanto, sugerimos que o prezado leitor recorde-se, a cada benefício enlencado, quais as condições originais em que vivíamos, na era das cavernas, ou, se preferir em termos mais sofisticados, na Era do Paleolítico, quando nem o fogo ou instrumentos de corte ou caça haviam sido, respectivamente, descoberto e inventados.

Com isso, notaremos como o mal e a dor, em nossas sociedades contemporâneas está no excesso, mal uso e incompreensão das finalidades de cada benesse, desviando a mente da perspectiva da felicidade, do deslumbre, da segurança e do assombro em que viveríamos continuamente, não fôssemos possuídos por tantas neuroses que nos distorcem as percepções, a ponto de não notarmos a tão óbvia condição de felicidade e graça em que vivem as comunidades terrícolas de hoje (afora, obviamente, os bolsões de miséria que, em questão de pouco mais de um século, serão eliminados do globo, até por uma questão de sobrevivência das sociedades mais ricas).

* * * * *

A civilização é uma mãe acolhedora e misericordiosa. Do início ao final do dia, segue você protegido por essa máter maior, envolvido em suas bênçãos variadas e pródigas.

Acorda-se você entre fofos colchões e lençóis cálidos, que lhe embalam o sono. A temperatura ambiente vinha condicionada por refrigeradores de ar ou por eficientes sistemas de calefação, garantindo-lhe total conforto durante a noite inteira.

Levanta-se de seu ninho de descanso e recobre-se com tecidos macios e belos, a lhe encobrirem o corpo e confortavelmente prepará-lo para enfrentar o calor ou o frio externos que o aguardam. Banha-se ou lava-se com sistemas magníficos de água encanada e tratada, aquecida ou fria, que já vem prontinha para uso imediato, bastando para isso girarem-se, como condões encantados, torneiras em pias e boxes convidativos à delícia da higiene pessoal. Substâncias refrescantes fazem carícias no corpo, bactericidas e perfumadas, como sabonetes, desodorantes, cremes e loções, que são por você utilizados, quais preciosidades em forma de pastas, líquidos e vapores, que despeja, amacia e esparge sobre partes de seu corpo ou todo ele.

A eletricidade, milagre fantástico a dar força e movimento a miríades de maquinetas e geringonças domésticas que lhe poupam esforço e lhe ofertam benefícios impensáveis há bem pouco tempo atrás, suga a força de quedas dágua ou de outros recursos naturais como o carvão ou a energia atômica, convertendo-as em impulso elétrico, transmitido por milhares de quilômetros até a tomada generosa, sempre aberta a ser trespassada e ofertar, do imo de seu seio, a energia para atender a seus desejos e necessidades mais diversos.

Faz o seu desjejum a seu agrado. Mas ainda que coma apenas o prosaico pãozinho com manteiga e café com leite, estará se alimentando com finas iguarias que vêm de longe e que consumiram o trabalho de inúmeras pessoas, desconhecidas e invisíveis para você, desde o trigo e o café que foram plantados e colhidos, em longos espaços de tempo, suor e trabalho, ao feno usado para a sustentação da vaquinha gentil, que lhe ofereceu o seio maternal para o maravilha do leite e da manteiga.

Encaminhando-se ao trabalho, dá telefonema rápido a ente querido distante, aproximado pelo assombro da tecnologia de telecomunicações. Toma de seu veículo automotorizado, queimando, na combustão para o movimento, recursos arquimilenares de dejetos de corpos de antigos dinossauros, mortos a dezenas de milhões de anos.

Chega em sua oficina de trabalho, para a graça do serviço de utilidade à mãe civilização que lhe dá tanto e lhe pede tão pouco, e eis que o ambiente por lá também jaz confortavelmente acondicionado para recebê-lo com o máximo carinho físico. Ao abrigo do sol ou das tempestades, com água potável e lanches eventuais, telefones para quaisquer emergências, muitas vezes até música ambiente para lhe embalar as horas de felicidade na faina de dar algo por tanto que recebe, você segue até o final de seu dia de trabalho, para tomar o caminho de volta ao lar, após oito horas, pouco menos ou pouco mais que isso, para as maravilhas da vida em família.

No reduto acolhedor do lar, inúmeras e complexíssimas parafernálias aguardam-no, para lhe improvisar a felicidade, o deleite e o descanso de mil modos.

O computador, acoplado a gigantescas redes internacionais de informação, oportunizam-lhe tudo, desde milhares incontáveis de livros em praticamente todos os idiomas existentes no planeta (os mais falados), a salas de bate papo com estranhos invisíveis mas, miraculosamente, apostos em sua sala de estar, para o intercâmbio fraterno de emoções, idéias e experiências.

A televisão, enfeixando esforços de gênios artísticos de diversas ordens e produções milionárias de entretenimento, espera seu comando para se ligar e propiciar opções gratuitas de diversão, alegrando e relaxando noite adentro, por quanto tempo quiser.

O rádio, os sistemas de reprodução musical (com orquestras e shows interios, aos milhares, disponíveis a um aperto de botão seu), os banhos quentes, a alimentação variada, os sucos de frutas e refrigerantes gelados, as bebidas quentes e refazedoras, a conversa amiga, em família, após o jantar, em torno da telenovela preferida da noite.

Revistas, livros, enciclopédias dão-lhe ainda novas opções de enriquecimento de sua mente e de sua alma, além das alternativas externas de repouso e lazer, como o cinema, os restaurantes, o passeio noturno a beira mar, em seu confortável veículo pessoal.

Tudo isso representa um pálido reflexo do que lhe é oferecido, diariamente, pela mãe civilização. A Mãe Natureza, indubitavelmente, é fonte de vida e de energia, e a Ela devemos o fluxo vital que nos sustenta. Entretanto, é a Mãe Civilização, a estrutura espectaral mística que nos enlaça uns aos outros num todo sinérgico, em forma de um gigantesco condensado de Einstein-Bosen (ou seja: de uma incrível unidade coletiva complexa) que nos protege da rudeza da Mãe rústica que nos fez germinar do solo da Terra. É ela também, que nos acalenta com mil mimos, em nome de Deus e como presente do acúmulo de cultura, conhecimento, tecnologia e esforços de nossos atepassados (nós mesmos em existências pregressas), e de outros gênios de antanho, que sequer descem mais ao plano físico, em sucessivas reencarnações de trabalho, abnegação e esforço, para construir esse inaquilatável patrimônio de bem estar, conforto, facilidades, segurança, liberdade e oportunidades de crescimento e de criação, realização pessoal e felicidade que A constitui.

Liberdade de pensamento, de expressão de idéias, de ação, mobilidade social, democracia, justiça para todos, conhecimento acessível em fantásticas bibliotecas públicas ou virtuais, quando até tão pouco tempo atrás livros eram preciosidades tão raras que constituíam artigo de herança, bem como liberdade e direito de manifestação livre de idéias um direito amiúde negado até a majestades são alguns dos traços permanentes e inalienáveis da Civilização maravilhosa que nos alberga em suas entranhas sofisticadas e ternas.

Claro que há muito ainda a ser feito e melhorado. Isso significa progresso. E ele é infinito, em tese. O que acabamos de lhe falar pode parecer piegas e infantil, mas antes enxergar o mundo dessa forma, adocidada e feliz, que viver qual um demônio irado, frustrado e infeliz, escarrando ódio e angústia, desespero e tédio, estressado e atormentado por uma visão hostil e pessimista do mundo e da vida.

As conquistas da civilização, a nosso ver, são tão extraordinariamente superiores aos malefícios que ela trouxe, que se nos afigura completa falta de senso não se perceber e reconhecer isso. As pessoas, em grandes parcelas da população, ainda preservam o vício ancestral de se sentirem desgraçadas e perdidas, ainda quando tudo em torno delas as exorta à ventura e à paz.

Nunca houve tanta paz, tanto amor, tanto equilíbrio, saber e criatividade nas sociedades humanas. Todas as degenerescências são pontuais e, ainda no caso das pandemias terríveis da violência, do uso das drogas ou do ataque aos ecossistemas, compreendemo-las como problemáticas circunstanciais que, com o correr das décadas que se seguirão, facilmente serão contornadas ou ao menos devidamente controladas em redutos toleráveis de desajuste, numa estrutura organizacional tão mirificamente harmônica e eficiente, como a civilização humana atual.

Ainda que você seja muito pobre, e tenha que fazer uso do sistema de transporte coletivo ou não disponha ainda de um computador em casa, usufrui de confortos, benefícios, oportunidades e estímulos a sua felicidade e progresso, quem nem de longe a aristocracia mais fina de há um século dispunha.

E se pensarmos em termos de idéias, conceitos e perspectivas para o futuro que lhe são descortinados, com infinitas oportunidades de escolha, realização pessoal, determinação do próprio destino, e lembrarmos de como se vivia, pensava e sonhava, não no tempo do Sílex, no passado longínquo do alvorecer da civilização, mas há apenas um século ou dois para trás, em sociedades preconceituosas, ignorantes e infelizes, mesmo nas nações mais cultas e avançadas da Terra, ficamos esmagados com as evidências de como somos felizes, nesse planeta tão acusado de infeliz. Trata-se de um vício perceptivo, de uma grave e louca falha de interpretação ver-se nosso mundo de modo diverso.

Pense nisso, e veja como seria mais feliz: enfocando o lado positivo ou o negativo do mundo em que vive. E lhe digo, francamente, do fundo de minhalma de mãe: saia do delírio do complexo de infelicidade que o aturde e escraviza a sofrimentos intensos, constantes e perfeitamente evitáveis, e perceba o carinho da Mãe Civilização em torno de cada um de seus passos, e se sentirá arrastado a dizer que já agora e de há muito tempo, encontra-se na Terra Prometida, onde, como nos dizeres bíblicos, o mel verteria do chão (tem-se muito mais que isso nos supermercados modernos) e onde o maná cairia do Céu, com o sabor do que mais agradasse à criatura humana (a Internet faz muito mais que isso).

Você já está no paraíso, meu querido amigo. E apenas não se apercebeu disso. Sua mente é que precisa ser educada; não o mundo a ser modificado. Não está num mundo perfeito, mas num que oferta alegrias e facilidades que, além dessas, nem sequer teria estrutura para entender e desfrutar. Abra o olho em torno e verá: você já é estupidamente feliz e apenas não se deu conta ainda de quanto…

(Texto recebido em 8 de dezembro de 2000.)

 

Antes de começar o texto que se segue, gostaria de avisar os prezados visitantes do site Salto Quântico de que não deixem de abrir os arquivos dos dias anteriores ao que está assinalado aqui, indo ao rodapé dessa mensagem e clicando o link: mensagens anteriores. Como têm notado, tenho adiantado alguns dias na atualização das mensagens do dia, já que, aqui nos Estados Unidos, com as diferenças de fuso horário e a mudança completa de rotina, entre mil solicitações de viagens e palestras constantes entre os quatro estados em que estamos proferindo nossas conferências, não tenho, obviamente condições de enviar os textos com o mesmo padrão de freqüência.
Chamo, todavia, de um modo todo especial – realmente não falo ao acaso – para o texto A Generosa, Acolhedora e Pródiga Mãe Civilização, de Eugênia, e os de Gustavo Henrique que estão nesse atraso. São mensagens realmente que merecem ser lidas, por seu grande poder de elucidar questões complexas quão essenciais, em abordagens completas quanto práticas.

Peço desculpas, outrossim, pelos eventuais errinhos de digitação. Além de estar usando um teclado diferente, não tenho o corretor ortográfico para Português, por aqui, o que permite que as distraçõezinhas passem desapercebidas diretamente para o estimado amigo, que pressinto nos perdoará por esses deslizes.

Espero rever os queridos conterrâneos e nosso saudoso verão quanto antes.

Benjamin Teixeira.
Danbury, Connecticut, Estados Unidos da América.
9 de dezembro de 2000.

Prezados amigos de Aracaju:

Que nos façamos cada vez mais receptivos à Infinita Bondade de Deus.

Pedi autorização aos espíritos para falar diretamente com vocês e fazer algumas reflexões pessoais sobre a aversão ao Brasil e a tudo que lhe diga respeito, tão facilmente encontradiça entre nossos patrícios. O aspecto em que gostaria de me deter, em particular, nessa abordagem de hoje, é o da sistemática reclamação que se faz em torno do clima, que não sei se particularmente acentuado em Aracaju, mas presente em todo território nacional.

Neva agora na pequena e pacata Danbury, cidade do estado de Connecticut, onde estou hospedado, em nosso périplo de conferências deste ano, nos Estados Unidos da América. Imagino como estará agora a grande Big Apple (Nova YorK), onde fizemos palestras nas segunda e terça feiras próximas passadas, se também estar-se-ia atapetando de branco e frio, nessa manhã que teima em enconbrir o sol e deixar a vida adormecida no torpor das geleiras.

Um elemento curioso e esdrúxulo em nossa cultura, digno de nota, é o fato de Usarmos ternos e roupas fechadas, simulando os climas nórdicos, como se invejássemos aqueles que são a matriz de nossa cultura ocidental-global, tentando reproduzir-lhes os hábitos à força, caindo no ridículo de nos vestirmos para o gelo, debaixo do sol candente dos trópicos. Nossa etiqueta exige a cópia de costumes que não condizem com nossas condições climáticas e nós, tolos, preservamo-los, pateticamente, em terras tupiniquins.

Embora já tenha viajado sete vezes ao exterior, como sempre o fiz fora do inverno, essa é minha primeira experiência com a neve. Realmente é muito bonito, mas me se me afigura muito mais depressivo que propriamente belo. Talvez esteja me encantando por ser a primeira vez que a vejo, e por saber que estou de passagem. Jamais desejaria estar num lugar inóspito como esse. Ontem, voltando de uma palestra que proferi aqui mesmo, em Danbury, senti o mais forte frio de minha vida, apenas saindo do centro, devidamente aquecido e me dirigindo ao automóvel, a alguns poucos metros de distância, que nos aguardava do lado de fora, que também logo estaria sob efeito da calefação. A sensação de congelamento era desumana, penetrando a pele e fazendo-a arder, apesar de todo o aparato de agasalhos e luvas para proteger o corpo do frio. Eis que, então, recordei-me do nosso quente, tantas vezes escaldante, mas sempre prenhe de vida, Nordeste brasileiro.

Não estamos no pico de frio. A rigor, pode-se dizer que nem sequer entramos no inverno. A chegada oficial da estação das nevascas só ocorrerá em 22 de dezembro. O frio, que agora passeia entre cinco e dez graus negativos de Célsius, logo descerá de impensáveis vinte graus negativos, podendo despencar da incocebível cifra dos quarenta graus abaixo do ponto de congelamento da água!…

Tenho admirado esse povo, que construiu um império econômico, tecnológico e científico, e que mantém, há décadas, a mais influente metrópole do planeta, coração financeiro da Terra, amiúde chamada, desde os idos dos anos 20, de a captital do mundo: Nova Yourk, debaixo de um clima tão desfavorável à vida e ao progresso humanos.

E nós, no Brasil, reclamamos do calor, que faz a Natureza entrar em polvorosa e tudo rutilar de dinamismo e crescimento.

Claro que aqui não faço qualquer menção à questão das secas, muito menos à política da miséria mantida que pervaga nas regiões de ausência de chuvas. Aludo ao que mais nos interessa: nossa recorrente necessidade de manifestar impressões pessoais a respeito do clima, da chuva, do sol e da noite. À falta do que reclamar, e, na ausência de qualquer assunto para entabular conversações, mantemos o péssimo e estúpido vício de tecer comentários depreciativos a respeito do clima. E essa tendência mórbida, de tudo ver pelo enfoque pior, estende-se a todos os departamentos de nossas vidas. Somos reclamões contumazes, incontentáveis, insaciáveis e, principalmente, preguiçosos, já que, na transferência sutil de reponsabilidade que a psicologia infantil da vítima nos oferece, lamentamos o externo, sentindo-nos impotentes e, portanto, dispensados de envidar qualquer esforço para melhorar nossa qualidade de vida, nosso padrão de felicidade.

Cabe reflitamos um pouco e revejamos esse nosso hábito medíocre e mesquinho de deplorar a todo momento tudo que nos cerca. Não devemos nos render ao ufanismo ingênuo de quem vê, no Brasil, o eterno e paradisíaco país das bananas (e poderíamos completar: dos macacos, em que pretenderam, com essa analogia, nos tornar. Não por acaso dizemos isso: um embaixador francês em terras brasileiras chamou-nos de o país dos macacos, nos idos de 1860. ) Mas, à parte de sermos críticos e autocríticos com relação ao ruim – que representa, irrefutavelmente, um traço de lucidez – que transformemos essa percepção do que está errado, em impulso a corrigi-lo, sem, no entanto, rendermo-nos à lamentação sistemática, completamente improfíqua e, principalmente, à reclamação quanto ao inexorável, como as oscilações metereológicas e particularidades climáticas, que são indissiociavelmente relacionados ao ponto do globo em que vivemos, e que, sendo inevitáveis, redunda em inútil e tolo lamentá-las, desviando a atenção do que realmente interessa, porque controlável e resolúvel.

Chegou a hora de sairmos dessa perpétua sensação de infelicidade por não sermos nórdicos, ricos e louros. A Humanidade surgiu na África, como nos afirma a Paleoantropologia de hoje, bem como as florestas mais luxuriantes, com fauna e flora mais ricos, estão nos trópicos. Somos abençoados e não nos damos conta do quanto.

Não temos neve, de fato, para ver, do lado de fora da janela, um quadro de filmes de Christmas Day, à la Hollywood. Mas, muito mais que isso, temos a vida, o calor e a felicidade da Zona Tórrida do mundo, que nos fazem esfuziantes de alegria e vontade de viver, como tão bem retratou a diva do entusiasmo, a maior estrela hollywoodiana de seu tempo, Carmem Miranda, que fazia voluteios cestrosos com as mãos e olhos, explodindo vitalidade e alegria, transmitindo esperança e calma à Terra inteira, no estado de tensão, terror e depressão mais grave de sua história: o da Segunda Grande Guerra. O Carnaval brasileiro, nossa música popular, a discontração fraterna das praias, nosso calor humano, hospititalidade e espírito amigueiro, assim como a constante alegria dos morros e favelas nos falam bem de como sabemos lidar com a vida da melhor forma.

Que nos concentremos nesses aspectos melhores de nossa natureza, cultura e povo, e, com isso, tenhamos a certeza, queridos conterrâneos: moramos no melhor lugar do mundo para se viver!!!…

Benjamin Teixeira.
Danbury, Connecticut, Estados Unidos da América,
8 de dezembro de 2000.