Acabamos a prática diária do Evangelho no Lar, no início da madrugada de hoje, quando espocou, espontaneamente, um humor de tom mais picante, de teor adulto. Rimos um pouco e então comentei, com os demais circunstantes, que desejava consultar a Mestra Espiritual Eugênia-Aspásia, à guisa de esclarecimento final da reflexão íntima.

A Orientadora do Plano Sublime não se fez de rogada e, ato contínuo, evidenciando sua habitual sabedoria, que transcende maniqueísmos e visões moralistas hipócritas, tão típicas dos meios religiosos e sociais menos autênticos, asseverou, em nome da Espiritualidade Maior:

“Estamos felizes com o humor sadio que vocês demonstraram, ante as personalidades sofredoras desencarnadas que foram trazidas para serem tratadas, em nossa atividade espiritual interdimensões.

O humor são, diferentemente do que se imagina na cultura corrente da superfície do globo, não é aquele que não apresenta itens de caráter erótico, mas sim o que não fere a autoestima de ninguém e que, de reversa maneira, valoriza a identidade e os atributos da pessoa ou do segmento social que se faz foco da atenção bem-humorada, estando presente ou não o indivíduo ou o grupo sobre quem se pretende provocar o riso. Pode ainda apresentar lições de significativo valor, das que se costumam denominar de ‘moral da história’.

Chistes jocosos e mordazes, que zombam da dignidade, da capacidade ou de qualquer elemento que componha o ser e o coração de alguém ou de uma comunidade, por mais desvestidos de conteúdo sexual, são malevolentes.

Lamentavelmente, porém, essa ordem de sarcasmo venal é extremamente comum nas rodas de bar, nas festinhas familiares ou em encontros de ‘amigos(as)’: um ‘humor’ que ri com sadismo e desrespeita os sentimentos alheios, que oculta a maldade e o ataque invejoso, mesquinho e preconceituoso, mal-dissimulados sob a alcunha grosseira e fraudulenta de ‘brincadeira’.

Tão forte é a motivação desumana e mentirosa desses(as) ‘animadores(as)’ improvisados(as) de ambientes, que, se um indivíduo se defender de seu assédio, é por eles(as) imediatamente tachado como quem não lhes compreende a intenção de tão só ‘brincar’. Se fossem, de fato, bem-intencionados(as), reagiriam com um sincero pedido de desculpas, com constrangimento e tristeza, por haverem se utilizado de uma ocasião de relaxamento e confraternização, para ferir uma pessoa ou uma minoria social eleita como alvo de sua pilhéria de mau gosto e maus propósitos.

Afirmar, por outro lado, que o humor, para ser divertido, não deve atender a demandas de consideração para com os semelhantes, porque assim se faria ‘chato’, constitui um acabado atestado de falta de criatividade e inteligência, além de revelar ausência de compaixão e empatia, num deplorável e óbvio flerte com o cinismo e a psicopatia.”

Após proferir esta magnífica microaula sobre o humor bem-inspirado e construtivo, a Esclarecedora do Domínio Excelso de Consciência aproveitou o ensejo para trazer um alerta confortador, de cunho privado, dirigindo-se a um dos convivas do banquete espiritual, e se retirou do meu campo de psicovidência, com sua característica serenidade, inalterável durante todo o transcurso de nossa interação mediúnica.

Benjamin Teixeira de Aguiar
Recife (PE), 17 de agosto de 2018