É dever cristão perdoar. Sim, perdoa, sem desejares mal a ninguém, mas não descartes a possibilidade de te afastares de quem quer que seja, liberando teu próximo a continuar na direção das trilhas que escolheu percorrer.

É muito comum (e conveniente), entre os seres humanos, o “esquecimento” de que igualmente compõe a principiologia das legítimas tradições espirituais, incluindo a cristã, o desapego não só de afetos, sejam integrantes da parentela biológica ou não, mas também de toda ordem de convenção social, prestígio ou ganho materiais que entrem em contradição com os ideais que inspiram a consciência do(a) buscador(a) da Verdade.

Abriste teu coração, generosa e quase prodigamente. Desprezaram-te, todavia, presumindo-te movido(a) de subalternas intenções. Segue em teu caminho: outras personalidades receber-te-ão a bênção da paz e da conexão sublime que a amizade, em comunhão com a Faixa Mental da Bondade e da Sabedoria, pode propiciar, com efeitos benéficos em cascata, de todo imprevisíveis.

Foste sincero(a), na reprimenda devida, demonstrando coerência com a posição de responsabilidade que ocupas, despreocupado(a) de corresponderes a expectativas de “bom(boa) moço(a)” que em ti projetavam, de conformidade com interesses e caprichos egoicos ou com códigos arbitrários de conduta estabelecidos por determinados segmentos profissionais, acadêmicos, religiosos etc.

Impregnados(as) de hipocrisia e cinismo, atrelados(as) a parâmetros de moralismo rasteiro, sem nenhuma relação com a Espiritualidade autêntica, supuseram-te tomado(a) por planos sub-reptícios de domínio e crueldade, na interação com terceiros.

Acompanhaste, perplexo(a), companheiros(as) devotados(as) da véspera – vários(as) deles(as) de longa data – agindo como se houvessem “girado sobre os calcanhares” e desatado a gargalhada sinistra da loucura, à maneira dos(as) negacionistas histéricos(as) que se encontram em quaisquer povos e épocas, mas especialmente em sociedades e quadras históricas com maior concentração de eventos pavorosos – constituindo-se exemplos emblemáticos a Alemanha da era do horror nazista e, lamentavelmente, o Brasil dos dias atuais.

Em complemento, embora haja, em termos pragmáticos, um combate entre o lado do bem e o dos(as) que se colocam contra tudo e todos(as) – inclusive contra si mesmos(as), sem se darem conta disso –, muitos(as) não se atinam de que existe outro fenômeno correlato e mais profundo, nessas fases de distúrbio mental e moral em massa: o da desconexão com a realidade, em graus que variam ao infinito.

Observa-se, sem maniqueísmos, num lusco-fusco pantanoso de ambiguidades, confusões e contradições, sobretudo no circuito de certas temáticas específicas, uma espécie de semialienação ou disfunção cognitiva parcial que afeta enorme quantidade de pessoas, por mais que pareçam lúcidas e de boa índole (em outros contextos e discussões) ou se julguem (estas as mais gravemente acometidas) muito convictas de estarem a favor do bem – quase sempre, um “bem” que visa apenas ao próprio e (quando tanto) ao benefício de alguns entes queridos.

Em suma, apesar de dolorosos, esses embates interpessoais, tanto em suas expressões menores quanto em suas proporções coletivas, são esperáveis e, ainda que se afigurem insanáveis, mormente em seus estágios de crise mais aguda, também passam.

Assim, após fazeres o que seja concernente a tua direta responsabilidade, asserena-te e entrega o pandemônio em que te notas inserido(a), ou que divises em torno de teus passos, à Perfeita Providência, que tudo vê e a ninguém abandona, assistindo sobremaneira o(a) discípulo(a) da Luz que se põe no genuíno esforço de servi-l’A, nas figuras de seus semelhantes.

Seja qual for a sina que faceies, no cumprimento diuturno de teus compromissos d’alma, ante as Autoridades Celestes a quem te devotas, verificarás, pelo estoicismo da perseverança, que suprimentos excelsos advir-te-ão a mancheias, sustentando-te as forças e sugerindo-te as rotas mais apropriadas a palmilhares, a despeito de, por ora, tudo te soar caótico, custoso, pesado e angustioso. Compensações são previstas para essas ocasiões mais tenebrosas, em que te sentes como que impossibilitado(a) de prosseguires na realização das tarefas que te foram designadas pela Sabedoria Divinal.

Quanto aos(às) que escolhem se precipitar no abismo do mal (mesmo que não o admitam), menoscabando sacrilegamente, a um custo incalculável para si, a Fonte da Vida que representas, apieda-te deles(as) e permanece em teu posto de serviço, oferecendo a outros(as) irmãos(ãs) em humanidade o tesouro que tens e canalizas.

A culpa e as consequências cármicas são, integral e intransferivelmente, dos(as) incautos(as) que se revelaram ingratos(as) e blasfemos(as), perante as Sagradas Coisas de Deus, não fazendo a menor diferença se acreditam ou não na indefectível Lei Espiritual do Retorno.

As Leis Divinas, como as leis da natureza (essas inclusas Naquelas), operam, contínua e inalteravelmente, com ou sem a concordância das criaturas humanas, quer haja ou não a percepção de Sua existência, por parte dos indivíduos sobre os quais exercem seu implacável e inabalável Poder…

Lembra-te da dramática metáfora do Vulcão da Justiça Suprema, concretizada, por exemplo, na tragédia apoteótica da erupção do Vesúvio, que, no distante ano 79 d.C., súbita e celeremente, sem qualquer “aviso prévio” ou oportunidade de escape de suas “vítimas”, recobriu de lavas escaldantes uma prestigiada elite que se abrigava na luxuosa Pompeia¹, justamente durante o período do então aparentemente inexpugnável Império Romano…

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Lucas Desiderium e Eugênia-Aspásia (Espíritos)
em Nome de Maria Cristo
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
28 de maio de 2021

1. Outras cidades da Antiga Roma foram atingidas por essa colossal erupção do Vesúvio. Nesta Epístola Mariana, psicografada por minhas limitadas condições mediúnicas, os(as) Autores(as) Espirituais destacaram Pompeia, por se tratar de uma localidade que aportava, frequentemente, parte da mais elevada estirpe social guindada ao poder e à fortuna, naquela época e cultura. Herculano, em particular, como Pompeia, foi completamente destruída.
(Nota do médium)