Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

A base do pensamento é a estrutura cognitiva da fé, embora a dúvida metódica seja um dos alicerces fundamentais do raciocínio e do modo de leitura racionais e científicos da realidade.

A dúvida, apesar de útil na triagem de elementos infomacionais e conceituais, paradoxal e concomitantemente, constitui outrossim um padrão vicioso das mentes ocidentais, um processo auto-destrutivo dos fluxos e processos criativos da psique, que mediocrizam e amesquinham todas as percepções da mente humana.

E se descermos aos alicerces de sistemas mais cotidianos de avaliação e pensamento, mais ainda veremos a fé se apresentar, em todos os sentidos, como uma necessidade de sobrevivência e crescimento de indivíduos e comunidades humanas. Confiança nas instituições bancárias e no Estado; crédito que se remete a casas de ensino ou autoridades religiosas; fé que se confere, quase de modo cego, a pais, filhos, cônjuges e outros entes queridos. A vida, em sociedade, seria inviável, se não houvesse o exercício contínuo da fé de todos os seus partícipes, a quase todo tempo.

Sendo assim, o indivíduo exageradamente analítico, esquece-se, por conta da preocupação em demasia com a dissecação da realidade, de apreender-lhe os grandes conjuntos, a totalidade que constitui a verdadeira identidade dos fenômenos. Olvida a alma incauta de que o todo é sempre a soma das partes e algo mais; e que este algo mais é a sede da essência de todas as coisas.

O núcleo de alguma coisa não está em sua superfície. Não é na periferia dos fenômenos que vamos descobrir os seus significados, nem suas finalidades mais profundos. Atentemo-nos, assim, a entender que, muito embora possamos ter dúvidas sobre aspectos secundários da vida, devemos tê-la bem resolvida, em seus fundamentos axiais, como: a existência de Deus, da força do bem, da capacidade e do engenhos humanos para superar o mal e todos os problemas. Pôr em dúvida tais postulados primordiais de verdade gera um tal estado de angústia, amargura, pessimismo e desânimo, no coração do homem, que somente a muito custo, amiúde por várias encarnações dolorosas, é possível erradicar a erva daninha psicológica.

Sejamos, pois, racionais; valorizemos o estudo científico de todos os fenômenos, mas não nos esquecemos de que a base do pensamento humano é toda constituída sobre axiomas, verdades auto-evidentes, que não precisam de documentação ou comprovação, por serem auto-evidentes. E compreendendo, por outro lado, que as mentes mais sofisticadas e avançadas mais aptas estão para apreender o abstrato, o complexo e o profundo, capacitemo-nos (ou demonstremos esta capacitação) para a compreensão dos fenômenos mais intrincados, ao não perquirirmos demasiadamente sobre o quê não precisa ter um atestado objetivo. Assim como disse René Descartes, o pai do método experimental científico, que ao pensar já demonstramos existir, não precisando, para validar tal axioma (voltando ao termo), nenhuma prova adicional, entendamos que várias outras premissas de fé (ou convicções sólidas, truísmos indiscutíveis) podem ser deduzidas a partir desse primeiro enunciado de René Descartes.

Alguns desses itens de verdade, se é que assim podemos ousar nos exprimir, seriam: (1) Somos consciências pensantes, que por isso existem; e que, também, (2) por existirem, denotam a existência de um Criador. (3) Tudo evolui, como atestam, irretorquivelmente, não só a paleontologia (para organismos), como a astrofísica (para o cosmo como um todo). (4) Se estamos em constante processo de evolução, tudo mais pode ser facilmente compreendido como epifenômeno da consciência, que tudo utiliza para complexificar-se e expandir-se. Todas as ocorrências, assim, da existência humana e das civilizações, das mais prosaicas às mais grandiosas, existem sempre em função da trajetória evolutiva de todos os seres e processos.

Dentro desta perspectiva, as contradições e incertezas do mundo desaparecerem, por sabermos que alguma coisa conflitiva, confusa ou incompreensível, à primeira vista, está apenas nos ensinando alguma coisa mais, no longo périplo da evolução.

(Mensagem recebida psicofonicamente, em 13 de julho de 2004, em reunião mediúnica fechada do Salto Quântico, gravada e transcrita por Paulo Ricardo Feitosa.)