Espírito Eugênia-Aspásia – O “Espiritismo” (1) veio à Terra fazer um “julgamento final”, distinguindo justos de injustos. Até então, subsistia a dúvida derradeira para a falta de fé, já que a razão tem sido contraposta, secularmente, aos impulsos de Espiritualidade. Contudo, a esta altura da evolução da ciência e do raciocínio humanos, não se podem mais negar as numerosas evidências de que Deus e Seus representantes agem de inúmeras formas, ferindo completamente a lei das probabilidades, por meio de sincronicidades (2), sinais mediúnicos e fenômenos genuinamente miraculosos.

Benjamin Teixeira de Aguiar – Você quis dizer que as pessoas devam se “converter” ao Espiritismo, para se revelarem justas?

EEA – De modo nenhum. Devotos que se afinam com religiões convencionais e as vivem, não por convenção, mas, nas palavras de Nosso Senhor Jesus, em “espírito e verdade” (ou seja, com foco na busca genuína de espiritualização de si mesmos, sem preocupação com aparências), já estão num excelente caminho. Pessoas de caráter intelectual mais questionador, entretanto, exacerbadamente críticas e suspeitosas, têm no Espiritismo um campo de comprovações sobejas, para que constituam sua convicção sobre as bases sólidas da lógica, de uma leitura mais fidedigna da realidade. Aqueloutros, todavia, que se mantenham fixados na negação do Plano Espiritual, a despeito de tantos subsídios concludentes, estarão apenas denotando padrões de valor, princípio e moralidade que lhes denunciam acentuada “dureza de coração”. Estes serão impelidos a reencarnar, compulsoriamente, em um orbe primitivo, a fim de que, através de amaríssimas provações, logrem permeabilizar suas almas enrijecidas e, assim, possam absorver, no próprio imo, o Hausto da Divina Misericórdia.

BTA – Para dirimir quaisquer dúvidas a respeito do que você pretende dizer, como ficam os que não têm acesso direto ao Espiritismo, ou os que não partilhem de suas fileiras de adesão, ainda que dele tomem conhecimento?

EEA – Quando nos referimos a Espiritismo, fazemos uso “lato sensu” do verbete. Personalidades que não se coadunam com os postulados espíritas, na feição kardecista-brasileira, não estarão “condenadas” por conta disso, de forma alguma. Na acepção aqui empregada, compreendemos espíritas todos aqueles que alberguem esta tríade de convicções: imortalidade da alma, comunicabilidade interdimensões e reencarnação-evolução. Quaisquer indivíduos que adotem esses três princípios, apresentem-se como budistas, rosacrucianistas ou mesmo católicos (o que tão amiúde ocorre em nosso país), estão inclusos nessa grande família espiritual a que aludimos.

BTA – Excelente, Eugênia. Algo mais desejaria nos falar sobre o assunto?

EEA – Aos que se vejam seduzidos ou tomados pela onda cultural do “cepticismo negativista” que pervaga nas sociedades modernas, com força renovada, pediríamos apenas que se esforcem por aderir à perspectiva do “cepticismo científico”, que necessariamente lhes propiciará receptividade a mais amplas conjecturas e experimentações, habilitando-os, portanto, a engendrar ad aeternum pareceres e representações da realidade mais compatíveis com suas novas descobertas e as reflexões que delas possam decorrer. Sugerimos, dessarte, mantenham a mente aberta (apanágio basilar de psiques realmente amadurecidas e lúcidas) aos fabulosos avisos da Divina Providência, sobremaneira no capítulo das curiosíssimas “coincidências” significativas que abundam em torno dos passos de todo ser consciente. Se de fato observamos rigorosamente os trâmites de análise da razão, fica mais do que atestado que as sincronicidades, pela frequência com que se dão, contrariam a lei matemática das probabilidades, revelando, sem margem a dúvidas, a existência e a atuação de uma Inteligência Superior que coorderna a massa ciclópica de variáveis envolvidas em cada evento dessa natureza.

Eugênia-Aspásia (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
20 de janeiro de 2007

(1) “Espiritismo” em uma acepção “lato sensu”, como a própria Autora Espiritual esclarece em sua segunda resposta ao médium.

(2) Termo cunhado pelo psiquiatra suíço C. G. Jung, para definir o princípio de conexões acausais, também chamadas “coincidências significativas”, isto é, acontecimentos simultâneos que não têm relação de causalidade, mas que se vinculam por seu significado.