por Benjamin Teixeira.

Fazia calor.  Verão nordestino. Manhã de sábado, perto das 9h30min. O dia era 29 de janeiro de 1994. O jovem que recém completara 23 anos (no outubro anterior) entrou esbaforido, tenso e preocupado com o que estava para acontecer, nos estúdios da extinta TV Jornal, canal 13. Na semana anterior, sábado 22, no mesmo horário, fora ao ar o primeiro episódio de seu programa, gravado – e, desta vez, seria ao vivo. Concedera uma entrevista, no já longínquo 10 de abril de ’92, num outro programa de TV, dando a perspectiva espírita ao tema “depressão”. Desde 1991, houvera feito participações esporádicas em programas de rádio e proferido palestras em casas espíritas. Mas nunca, até agora, fizera algo parecido com dirigir, apresentar e responder a perguntas que chegassem no ar, na hora, por telespectadores que desejassem interrogá-lo a respeito da temática “Espiritismo”.

Aquele jovem era eu.

Logo de cara, um senhor com quase sessenta anos de idade, expressão fechada, braços cruzados e olhar de esguelha, postava-se dentro do estúdio, estacado como um poste. Radialista conhecido, perguntei o que desejava, e disse-me tão-somente que queria ver se eu realmente faria o programa ao vivo e se, de fato, responderia a perguntas que chegassem no momento. Não acreditou que isso fosse possível, supunha ser uma fraude, que ele estava disposto a desmascarar (hoje somos grandes amigos).

Há muito tempo, 11 anos antes (1983), quando contava 12 anos de idade, eu houvera tido uma forte premonição, de que aquele ano de ’94 seria um marco em minha existência. E, efetivamente, foi.  O programa, em seus diversos nomes e inúmeros canais por que passou, é, atualmente, o mais antigo não-jornalístico do Estado de Sergipe e, na área espírita, o mais longevo em toda a pátria brasileira e além-fronteiras.

13 anos… Eu era um menino! E não sabia quanto! Mãos frias, coração descompassado e uma tensão agressiva que me tornou possível, naquele tão distante 29 de janeiro de ’94, falar para milhares de pessoas e conduzir, como âncora, um programa de perguntas e respostas sobre o complexíssimo tema espírita.

Muita coisa mudou, de lá para cá. O programa se tornou pioneiro em diversas dimensões. Em ’95, no transcurso de quatro meses, foi transmitido em pool com a TV Aratu, de Salvador, Bahia, e suas quatro retransmissoras espalhadas pelo imenso território baiano. Em ’96, um salto fantástico foi dado, com sua transmissão para todo o país, via satélite, para quem dispusesse de parabólicas analógicas. Entre agosto de ’97 e setembro de ’98, foi exibido, contínua e semanalmente, em Danbury, Connecticut, EUA. Por fim, entre 2001 e 2004, teve veiculação em rede nacional de televisão, pela TVE-Rio (Rede Brasil). Hoje, transmitido pela internet e via satélite, para todo o território nacional, toma o rumo de seu futuro designado por Deus…

Mas, naquele ’94 e durante os anos seguintes (poderia dizer que ainda hoje esta contingência não se dissipou de todo), tudo parecia contra, e, em certa medida, realmente estava. Minha família preocupava-se por estar sendo comprometido meu curso de Direito (que acabou por ficar inconcluso); lideranças espíritas, locais e nacionais, malhavam-me despudoradamente, sem se darem conta do ridículo que revelavam, por apuparem um realizador em campo essencial ao Espiritismo, como a divulgação; amigos de infância pareciam-me estranhos – a rede de amigos que hoje me apóia, colabora com a causa e me nutre o coração, que somente no correr dos muitos anos veio lentamente a se formar, ainda não estava montada.

O preço foi alto. Praticamente não conseguia dormir nas noites que antecediam o programa, de sexta para sábado. Chorei em cântaros, ano sobre ano, endividando-me, sendo precipitado à falência e sendo traído e abandonado por uma série de cooperadores que não estavam, sincera e profundamente, interessados em ajudar, mas sim em se beneficiar ou me controlar os movimentos em função de questões de ordem pessoal.

13 anos… O programa estaria em sua adolescência!… A mensagem espírita, com a exegese libertadora de nossa querida, doce e sábia Eugênia, levada a milhares de corações, quiçá milhões… (Num único dia, em 2001, o programa chegou a apresentar entre meio milhão e setecentos mil telespectadores, conforme dados que estimamos – nossa equipe e a direção de programação da TVE à época –, a partir de dados do IBOPE). Eu e meus auxiliares perdemos as contas do número de vezes em que recebemos e-mails, telefonemas ou depoimentos pessoais de gente dizendo ter suspenso uma iniciativa suicida, entre outros atos criminosos, ou de gente boa que ficou ainda melhor, testemunhando ter encontrado a rota da felicidade e da paz com o trabalho capitaneado, da Dimensão Extrafísica de Vida, pela grande mestra espiritual Eugênia.

1994… Que venham agora 2007, 2008, 2009… enquanto a Divina Providência permitir, enquanto durar minha reencarnação. Que o Salto Quântico continue salvando vidas e libertando consciências do jugo da ignorância, do ócio, da perversidade, do vício, fazendo com que muitos encontrem a rota para a sabedoria e para a paz.

(Texto redigido em 19 de janeiro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)