por Delano Mothé.


Ante as injunções esmagadoras da vida moderna, a te conturbarem a mente e o coração desavisados, minando-te as forças e os esforços na busca de realizar o bem e oferecer o melhor de ti ao mundo, vale relembrarmos alguns pontos normalmente menos dinamizados em meio aos automatismos hipnóticos do cotidiano, desarticuladores das condições mínimas de acolhimento e aplicação do que adiante pretendemos trazer como provocação ao caro condiscípulo em ideal.

Atende, mais regularmente, estimado amigo, a tuas necessidades de descanso e repouso sistematizado, para que não colapses na rotina trituradora dos compromissos e afazeres do dia a dia.

Desfruta uma noite bem dormida, sem hora para acordar, ao menos uma vez na semana…

Aproveita o deleite dos toques relaxantes e curativos de uma massagem terapêutica…

Brinca com teu rebento do coração ou bichinho de estimação, ao chão da sala…

Entrega-te, de alma aberta, a um contato semanal com as forças nutrientes e renovadoras da Natureza… seja tão-só abraçando uma árvore ou sentindo as gotas de chuva sobre a tez desanuviada dirigida ao Céu, seja passando um dia inteiro sobre o tapete branco de areia à beira-mar, cuidadosamente tecido pelas Mãos do Excelso Tecelão, a te convidar ao banho dissipador dos acúmulos de energias deletérias que inevitavelmente te sobrecarregam o jornadear; ou mesmo retirando-te por todo um final de semana, para respirar os ares purificados do campo, revigorando-te com o Hálito Puro do Criador…

Se teu temperamento, por outro lado, é dado a excessos na inação, na negligência, na omissão, na fuga ao dever de consciência, procura, então, exercitar e desenvolver a disciplina, nos diversos departamentos existenciais, conforme tuas inclinações particularíssimas e a ordem de prioridades que o teu atual padrão evolutivo te reclama. Não te esqueças jamais, contudo – reiteramos –, de garantir momentos de recarga de tuas baterias em todos os níveis de teu ser, do físico ao espiritual, e notarás um ganho impressionante em disposição, criatividade e produtividade, no desempenho mesmo das atividades que te são afetas e que te realizam e engrandecem, voltadas ao bem comum.

Mas vive cada instante em sua inteireza…

E busca plenificar-te a todo instante…

Põe todo teu coração em tudo que pensas e fazes.

Amiúde, a felicidade te é subtraída por nonadas, pois que nada há que justifique a infelicidade em meio à Abundância Transbordante do Amor de Deus. É preciso desencadeá-la, por dentro de ti mesmo, incansavelmente, com singelas iniciativas (quais as que sugerimos acima), sem expectativas demasiadas. Basta, não raro, um leve movimento inicial, para prelibares o prazer incomparável da consciência que ficará em paz pelo dever bem cumprido, ou te abrires ao fascínio ante as possibilidades infinitas que se te podem descortinar para o desfrute da vida em sua riqueza inexaurível, em conformidade com o grau de acuidade perceptivo-espiritual que atingiste, na elevação dos sentimentos e aprofundamento dos conhecimentos.

A satisfação profunda de alma, que se pode denominar felicidade, deveria nascer do simples-milagroso fato de estares vivo-reencarnado, como também dos pequenos-grandiosos lances da trajetória existencial, e o coração humano bem os sabe divisar, isento das lentes adulteradoras e deturpantes do ego exacerbado. Mantém-te alerta para os vetores usurpadores de tua paz, em tua própria intimidade, e volta teu foco para o eixo de ti mesmo, que te sugere plenitude já de agora, independente das circunstâncias, sempre passageiras.

Assim como as aves dispensam cursos especializados para perfeitamente construir seus ninhos, singrar os ares e fazer miraculosas migrações, no tempo exato do Fluxo Divino; e alguns insetos, quais abelhas e formigas, vivem em regime de cooperação e organização social incompreensíveis, aos olhos pasmos de quaisquer observadores, a ponto mesmo do sacrifício individual em prol da coletividade (e semelhantes exemplos pululam na Escola da Natureza…), tu também, filho ainda mais desenvolvido no carreiro evolucional, podes, segura e perfeitamente (atendendo aos reclamos da intuição angelical, síntese da razão humana e do instinto animal – permite-nos a colocação a grosso modo), cumprir os Desígnios Celestiais a teu respeito…

A Vontade Divina atendida no imo do próprio coração constitui o propósito fundamental e a glória suprema de nossa espécie: a felicidade. Em sua etimologia, a expressão “fe licitas” nos remete a uma premissa essencial, a uma meta primordial: a vivência da fé genuína. Donde se depreende que, para ser feliz, abdicando de reflexões filosofais ociosas e viciosas, circulares e infrutíferas, basta que a criatura procure confiar-se ao Criador, pelo único meio que há: dedicação ao exercício progressivo da disciplina imprescindível de consolidar a conexão e alinhamento com o Alto, todos os dias.

Eis, então, prezado irmão em Cristo, o desafio anunciado desde o título deste artigo, que te proporcionará tudo o mais:

Consagra 30 minutos (ou 15, ao menos, de início) de teu dia ao convívio com Deus, de agora para sempre, vencendo todas as resistências internas e externas no empenho de estabelecer este hábito salvador, porque propiciador de harmonia íntima e receptividade ao bem, ativador da centelha divina jazente no cerne de toda criatura…

Segue este compromisso, persistente e impreterivelmente, e comprovarás, por ti mesmo, com o tempo, quanto te será acrescentado em “fé verdadeira” – felicidade –, maravilhado que estarás com as graças inesgotáveis da Vida, que te serão desvendadas ou potencializadas, quer se apresentem cristalinas, nas embalagens das facilidades e conquistas já efetivadas, quer se mostrem enigmáticas, nos refolhos das adversidades-estímulos da existência.

Aceita este repto sublime, companheiro, e não te restará alternativa, senão viver a bem-aventurança e a completude ao teu alcance, em patamares cada vez mais surpreendentes, outrora inabordáveis.

Realiza tuas práticas oracionais com espontaneidade e criatividade, respeitando tuas predisposições íntimas e recorrendo, destarte, aos expedientes que mais te favoreçam a qualidade da concentração no contato com o Divino: música relaxante, respiração profunda, preces recitadas ou mântricas, visualização, meditação… Tão importante quanto dirigir palavras sentidas ao Ser Todo-Amor é esvaziar a mente e o coração para perceber e receber o que a Sua Luz de Sabedoria Infinita te pretende soprar, inspirar, insuflar, enxertar, transformar…

Estabelece o momento do Senhor, que te concede todas as horas do dia, cônscio de que estarás atendendo a um impulso imanente de tua própria alma, sequiosa por dar um passo a mais rumo à autorrealização, destinada que é à perfeição, à angelitude, ao mergulho no Seio de Deus-Mãe.

Experimenta fazer o que te propomos, querido amigo, e a ventura progressiva, em todos os sentidos, te será uma fatalidade cujos reflexos já poderás sentir desde agora. Nada nem ninguém, incluindo tu mesmo, impedir-te-á de ser feliz, porque, “se Deus é por ti”, e tu te voltas a Ele, “quem ou o que poderá estar contra ti?”

Empenha-te nesta busca axial, ainda que suponhas inútil a iniciativa, ou que te julgues inapto para tanto; mesmo que tenhas de subtrair alguns minutos de teu sono (nada é mais reparador que a Fonte de todas as forças), ou acredites não estar logrando êxito na sintonia. Precata-te contra quaisquer óbices, pois que eles surgirão em profusão, de todos os lados, a começar por dentro de ti mesmo. As realizações mais profundas, que implicam a transformação do próprio coração, não prescindem da dádiva do tempo, e a perseverança se faz, aqui especialmente, um requisito inafastável. Conservando-te, então, imperturbável, na direção deste fanal celeste, a despeito dos tropeços, quedas e desvios esperáveis e inevitáveis, que te servirão, em verdade, como bússola, a te apontar rotas mais acertadas para o porvir, observa atentamente as sutilezas na mudança de teu estado de espírito doravante e o efeito salutar e revolucionário que gerarás em tua vida e à tua volta…

Descobrirás, caro leitor, que não mais te será possível deixar de louvar, tomado de gratidão infinita, os fundamentos de beleza e harmonia, justiça e o amor, que sustentam e renovam toda a Criação. Tens o direito de continuar vivendo o momento que passa, a desorientação, a dúvida, o medo, o vazio, a frustração, a falta de um sentido maior, a morte em plena vida, caso te decidas por nem mesmo tentar aceitar o desafio que te propomos. Fica certo, desde já, todavia, de que só há vida na fé, na esperança da fé, na persecução da fé, na transcendência da fé, a se desdobrar, ativa e operante, e em seus corolários: autoconfiança, entusiasmo, fraternidade, serviço ao bem comum, equilíbrio, bondade, amor…

Deus cria e nutre, doa-Se e serve, acolhe e ama, incessantemente: eis a tua sagrada herança e destinação última. Ser feliz é indissociável do gerar felicidade indistintamente, no exercício contínuo de abrir teu coração ao mundo… é perceber e escolher viver a dita pujante na essência de cada situação, evento, criatura… é sintonizar com as bênçãos ínsitas no âmago de tudo e todos…

Estás, agora, caro companheiro, sendo incitado a construir um alicerce seguro para as edificações magníficas de tua fé, fincado com a argamassa inquebrantável da prática da oração diária, até que, nos horizontes avançados da Eternidade, por fim erijas o templo luminífero da religação indissolúvel com a Divindade, no íntimo de ti próprio, e vivas, inalteravelmente, em estado de graça, de gratidão, de prece…